segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A designer de estampas Adriana Barra mostra um ninho repleto de suas paixões. E diz que o ato de decorar a casa não deveria ser levado tão a sério


Foto Lufe Gomes
Na sala, mesa de jantar de madeira teca com cadeiras clássicas de design e bandeja com copos da L’Oeil. No chão, passadeira artesanal, comprada na Ucrânia, ao lado de painel de Andrea Simioni. Banquetas, da Loja do Bispo. Na parede, acima do aparador, telas com tecidos da Tailândia. À direita, frigobar estampado por Adriana Barra, em série numerada e esgotada
Foto Lufe Gomes
Sobre o tapete turco, sofás da Ligne Roset revestidos de tecido
de Adriana Barra para a Moroso. Banqueta do Estúdio Glória
com bonecas Blythes, colecionadas pela moradora.
No fundo, geladeira, da Cia Vintage
Adriana Barra, 38 anos. A estilista, a designer de estampas extravagantes e coloridas, o nome, a marca. No trabalho, empresária exigente, que não sorri de graça, que tem dificuldade em aceitar o resultado “quase” perfeito. Na casa onde vive em São Paulo com os filhos, Amèlie, 8 anos, e Aly, 3 e meio, essa mulher tão intensa e cheia de nuances prefere ser Adriana Carvalho Barra, simplesmente. Na prática, significa andar descalça e soltar o cabelo, manter ressalvas ao glamour do mundo fashion, receber pouco, sair pouco, pegar leve. Embora já praticasse isso nas casas anteriores, a mudança para o novo endereço reafirmou um estilo de vida: passar as manhãs dando atenção às crianças antes de elas irem para a escola. Ser mãe um pouco mais. Olhando e-mails de vez em quando, é claro, mas ali, presente.

Escondido em tortuosas ruas do bairro de Perdizes, zona oeste de São Paulo, o sobrado é cercado de natureza. Isso foi primordial na escolha do imóvel. “Não gosto de jardim muito certinho. Deus é o paisagista”, diz a designer. Abraçada por plantas que se mexem ao vento e fazem barulho de selva, a área externa tem piscina, deque, forno de pizza. Dentro de casa, a ampla sala é iluminada por janelas e aberturas, que dão aos raios de sol o papel de holofotes para uma decoração provocante e difícil de definir. Complexa e divertida, talvez, como a própria Adriana. Por todo o espaço há brinquedos, livros, memórias, fotografias, presentes de amigos, pequenas coleções disto e daquilo. Veja tapetes ucranianos pelo chão e tecidos tailandeses nas paredes. Na sala, está a sua mais recente conquista: um sofá da Moroso forrado com a estampa da Tea, see... do!, a linha de decoração da estilista. A grife italiana se encantou com “a moça brasileira” e a contratou, expondo suas criações no Salão do Móvel, realizado em maio, e no showroom da marca, ambos em Milão.

Foto Lufe Gomes
Na sala, onde fica a estante Treme-treme, da Triptyque, destaca-se, no centro, a máquina de escrever, herança de família. Para Adriana, embora a disposição dos objetos pareça aleatória, há um critério para formas, cores e volumes
Passear pelo ninho de Adriana é uma experiência. Para onde olhar primeiro? No fundo da sala, a estante Treme-treme, da Triptyque, guarda marmita indiana, pacote de balas japonesas, globo de espelho, máquina de escrever. Tudo junto. Um caos, aparentemente. Mas não. “Monto cada nicho como se fosse uma colagem, um quadro. Há critério na escolha de formas, cores, volumes. Sou livre para juntar o que eu gosto”, afirma. No andar de cima, onde ficam os três quartos da casa, há mais expressões dos dons visuais da moradora. Na bancada da suíte, por exemplo, duas suntuosas bandejas expõem perfumes e cremes, arrumados de forma plástica, belíssima. Não seria um erro classificar a decoração de Adriana como “colorida”, “estampada”, “vibrante”. Mas a palavra que costura cada pedaço desta casa é outra. Liberdade. Liberdade para assumir paixões, para juntar elementos que parecem não fazer sentido. No terraço, há esteira indígena brasileira sobreposta ao tecido espelhado indiano – a loucura por artesanatos locais já botou a moradora na estrada, mundo afora, em busca de tribos distantes e seus processos criativos. No cabideiro próximo à entrada, bolsas, echarpes, tecidos e cadeira customizada se unem para dar as boas-vindas. “As pessoas têm medo de decorar. Consideram-se leigas naquilo que só cabe a elas. Decoração é um assunto que não deveria ser levado tão a sério”, diz. Dividindo-se entre dar entrevista e assistir à filha brincar com bolhas de sabão, Adriana, numa segunda-feira de manhã, concluiu sem muita enrolação: “Minha escolha, nesta casa, é viver momentos felizes”.

Foto Lufe Gomes
Da esquerda para direita, balde de metal com canetas coloridas na estante Treme-treme. Na sala de jantar, sobre o bufê, porta-objetos Uten.silo, de Dorothee Becker para a Vitra. Próximos da parede da escada, cadeira customizada pelas designers Roxie Duchini e Mariana Foltran e cabideiro com bolsas, echarpes e enfeites. Na foto seguinte, a máquina de costura, garimpada em antiquário, fica no chão, sobre o tapete ucraniano
Foto Lufe Gomes
Vista da sala de jantar para a sala de estar,
com lustre Zettel’z 5, do alemão Ingo Maurer, e,
sobre a lareira, fotografia de Frederic Jean
Foto Lufe Gomes
Conectado à sala, o terraço tem poltrona Shadowy,
de Tord Boontje para a Moroso, tamborete de louça,
da Stiledoc, e banco da Depósito Kariri. No chão, tapetes
indianos e esteiras indígenas. Balanço, da Droog, à
venda na Decameron. No fundo, mandala da Conceito
Firma Casa e vasos da L’Oeil
Foto Lufe Gomes
No jardim, deque com espreguiçadeira, da Conceito Firma Casa. O banco, da Depósito Santa Fé, tem almofadas de tecido tailandês e pufe da L’Oeil. Presas aos galhos, lanternas chinesas de náilon compradas em viagem. À beira da piscina, a moradora mostra o mix de cores das unhas dos pés. Em seguida, painéis revestidos de tecidos Tea, see... do! por Adriana Barra. No fundo, a designer acaricia o golden retriever Cauê
Foto Lufe Gomes
Sob o terraço, área coberta com mesa para oito pessoas.
Pendente, da Kartell. Sobre a mesa, gamela,
da Stiledoc, bowl listrado e cesta, da Conceito Firma Casa.
Da Depósito Santa Fé, mesa e cadeiras forradas com
tecidos Marimekko. No chão, esteiras,
da Coisas da Doris e da Conceito Firma Casa
Foto Lufe Gomes
O quarto de Adriana Barra tem o lustre Birdie’s Nest,
de Ingo Maurer, e telas pintadas pelas artistas
Verena Matzen e Isabelle Tuchband. Na cama, colcha e
capas de travesseiro, da Missoni Home. Sobre o tronco
utilizado como mesa de cabeceira, abajur trazido do Havaí –
a peça é uma das paixões da estilista

Foto Lufe Gomes
Na suíte, as bandejas marroquinas exibem perfumes e cremes. Na foto seguinte, penteadeira e maleta profissional de maquiagem, comprada no bairro da Liberdade, em São Paulo. A seguir, o quarto de Aly, com tapete ucraniano e cama de ferro feita por encomenda. No quarto de Amèlie, dupla função ao beliche: em cima, cama, e embaixo, sofá de leitura. As colchas de ambas as camas foram desenhadas pela estilista
Fonte: Casa e Jardim

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